O peso do mercado na escolha

Conhecer os cenários e perspectivas da carreira a ser abraçada é fundamental no momento da decisão

Igor Giannasi

Quando o vestibulando estiver resolvendo as questões da prova e preenchendo o gabarito com as alternativas que julga corretas, ele já passou por uma outra etapa, em que teve de fazer escolhas. Depois da ansiedade, dúvidas, certezas e pressões por todos os lados, ele precisou ainda definir qual carreira iria seguir.

Nesse primeiro passo em direção ao futuro, um dos fatores que tem seu peso na decisão sobre a profissão é como anda o mercado de trabalho - não só agora, mas mais adiante. A reportagem do Estado conversou com consultores de carreiras e com jovens que estão vivendo essa fase da vida para saber a opinião deles sobre os critérios para se escolher uma profissão.

A estudante Mariana Boccara de Paula, de 17 anos, antenada com a possibilidade de crescimento no mercado de trabalho com a chegada da TV digital no Brasil, escolheu prestar vestibular para a área de audiovisual. Na verdade, essa carreira é um caminho para o curso de artes cênicas, o favorito, mas ela diz que fez a escolha certa. A afirmação, porém, ainda sai com uma ponta de dúvida.

Mariana conta que já fez cursos livres sobre o assunto e até assistiu a uma aula de rádio e TV na classe da prima. “Às vezes você acha que é uma coisa e quando está lá assistindo à aula, na prática é outra”, comenta. Apesar de estar indo por uma direção contrária à da família, cujos pais - médico e enfermeira - seguem carreiras mais tradicionais, Mariana não dispensa a opinião deles.

Concorrente de Mariana na vaga para o mesmo curso, a vestibulanda Yasmim Alonso Uehara, também de 17 anos, acha que o mercado de trabalho é “assustador” e não quer pensar nisso. “É o que eu gosto e vou arriscar.” Fã de cinema, a adolescente diz que não se vê fazendo outra coisa na vida.

TENDÊNCIA X MODISMO

“É mais importante fazer o que gosta e não o que está na moda”, enfatiza o diretor da BPI, empresa que atua na área de consultoria em reestruturação de empresas e reorientação profissional, Gilberto Guimarães.

O consultor destaca que em se tratando da vida profissional é bom diferenciar entre os modismos - passageiros - e as tendências, características das carreiras com perspectivas de valorização a mais longo prazo. Ele aponta as profissões que estão relacionadas com o que as pessoas fazem fora do ambiente de trabalho como uma tendência.

Assim, tecnologia, entretenimento, educação e saúde se destacam. “Quando digo saúde, o profissional não precisa ser um cardiologista famoso, pode ser um nutricionista.” Na opinião dele, a mistura dessas áreas gera carreiras mais fortes ainda.

O presidente da consultoria Nishimura & Associates, Renato Yukio Nishimura, acrescenta as áreas de biotecnologia e meio ambiente como fortes tendências do mercado. “Você tem um cenário muito próspero para os próximos 50 anos ou mais”, avalia ele.

Na opinião de Nishimura, além da vocação, o vestibulando deve olhar também para o mercado no momento de definir o futuro profissional. “Se ele não olhar o que pode ser promissor ou não, a frustração vai ser tão grande que ele vai procurar fazer outra faculdade.”

A estudante Ariane Reis Furim, de 19 anos, vai prestar vestibular para Engenharia Ambiental. Após o ensino médio, ela fez um curso técnico na área de química e se descobriu. À procura de um campo mais amplo, depois de muita pesquisa, Ariane decidiu pela carreira, na qual poderia aliar também o amor pelo meio ambiente.

REALIDADE

Sabendo que a escolha da profissão é um momento difícil para o jovem e a ansiedade é quase uma constante, a consultora da Career Center, Marisa da Silva, aconselha que o jovem divida essa angústia com alguém. Além da decisão passar pelo autoconhecimento, o vestibulando deve também conversar com profissionais que já estão atuando na área de interesse dele, ler bastante sobre a profissão e conhecer a realidade do mercado de trabalho.

Mesmo com o destaque de carreiras emergentes, Marisa acredita que a maioria das pessoas acaba mesmo optando pelas profissões mais tradicionais. Por isso, ela indica que é preciso um diferencial no currículo. “Administração, por exemplo, terá muita concorrência.”


O Estado de São Paulo

18 de maio de 2.007

Comentários

Postagens mais visitadas na última semana

UEG Vestibular 2023/1

UFRGS Ingresso 2021/2

UNITINS Vestibular 2022/1

UNICENTRO PAC 2021

Postagens mais visitadas nos últimos 30 dias

UEG Vestibular 2023/1

UFG Vestibular 2010 - Correção online da primeira etapa

UnB Vestibular 2022