Diploma que vale o ensino médio

Aumento de vagas e de cursos de graduação leva empresas a exigirem certificado para qualquer tipo de cargo

Simone Iwasso

Três anos após se formar em Publicidade e Propaganda, o mais perto que Regiane Alexandra Jacob chega da atuação na área é quando prepara mala direta e envia e-mails de divulgação dos eventos do clube onde trabalha como secretária, em Americana (a 125 km de São Paulo).

Aos 34 anos, ela passou os últimos dois procurando emprego como publicitária. Cansada de ouvir não, desistiu da carreira. "Tenho paixão pela profissão, mas é um mercado muito difícil de entrar", conta. "De 20 amigos de classe, só um conseguiu ficar na área." Mesmo assim, quando questionada se está arrependida de ter feito a faculdade, a resposta é: "Não, o diploma me ajudou a conseguir o emprego e acho que ainda vai me ajudar mais."

Pelos números oficiais e pesquisas de especialistas em educação e trabalho, ela está certa. Em um universo onde apenas 44% dos profissionais com ensino superior trabalham na área em que estudaram, segundo levantamento feito para o Estado pelo economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Cláudio Dedecca, a mobilidade é essencial para buscar um posto. Mais ainda, é tendência do mercado de trabalho.

Ao mesmo tempo, com o aumento no número de vagas em faculdades e universidades públicas e privadas - entre 1994 e 2004 houve um salto de 304% na oferta -, funções que até há poucos anos pediam apenas o ensino médio completo, agora colocam como exigência a graduação.

Em outras palavras, diploma deixou de ser garantia de emprego na profissão escolhida e se transformou em item essencial para uma colocação no mercado - como acontecia com o ensino médio no passado. Na última semana, por exemplo, a empresa de recursos humanos e emprego Catho oferecia 209.273 anúncios de vagas - 52% delas tendo como exigência o nível superior completo. Dessas, 3.887 eram para vagas de operador de telemarketing ou atendente de call center. Havia também ofertas para atendente de restaurante, auxiliar de escritório, vendedor de celular, recepcionista para locadora e escola de idiomas, secretária, vendedora de loja de roupas e segurança para duas padarias. Os salários começavam em R$ 450.

"O mercado hoje exige uma escolarização crescente e progressiva. Quem tem um diploma está em melhores condições do que quem completou apenas o ensino médio", diz Dedecca, especialista em economia do trabalho. "É tendência internacional e não um fato negativo. Qualquer melhora no nível educacional de uma população é bem-vinda, é um avanço."

Ele considera um processo compreensível o fato de um terço dos cursos avaliados pelo Ministério da Educação (MEC) em 2007 ser considerado inadequado de acordo com os resultados do Exame Nacional do Desempenho do Estudante (Enade), divulgados no início do mês. "É natural que, num processo de expansão, haja falhas. Isso vai sendo aperfeiçoado. É impossível ter só cursos de excelência, ainda mais quando você está incluindo."

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